Entre projectos e sons distintos, Ricardo Remédio asume-se como um dos grandes nomes prolíferos da música alternativa portuguesa. Dando-se a conhecer em 2007 com a fundação em estúdio dos LÖBO, o icónico synth da banda lisboeta estreou-se a solo com Rei Abvtre (RA), EP lançado em 2012. 


Em 2018 pela mão da Regulator Records, Ricardo Remédio regressa a solo e ao formato físico dito convencional, isto após evoluir de RA para um projecto a solo em nome próprio. "Natureza Morta" marca o renascimento de uma iteração Tecnho Industrial sarcasticamente anunciada em "Rei morto, Rei Posto", faixa final para o LP de 2018


 Podes ouvir aquir "Natureza Morta"

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Sendo um dos motivos primordiais dos LÖBO um de ambiente electrónico a culminar numa componente drone metal , como chegamos ao negro exploratório  de um Ricardo Remédio a agora a solo  que ouvimos em “Natureza Morta”?
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Através de muita exploração e tentativa e erro. Penso que é um desafio sempre tentar fazer algo diferente do que se fez anteriormente. Será que soa bem? Será que é valido?
Foi um processo que demorou ainda alguns anos e que continua. Estaria a mentir se não admitisse que as primeiras experiências não foram muito diferentes de uns  LÖBO versão electronica.





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O instrumentalismo synth compõe a néon vibe de temas como “Ossos”  e “Caça”  enquanto que faixas como “Suor Nocturno” marcam o industrialismo, em que quadro sonoro pensas-te enquanto criavas estas temas?
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Há uma tentativa de conjugar o ruído com a melodia em tudo o que faço e nesses temas penso que isso é claro. Principalmente um tema como o “Suor Nocturno” em que ha um contraste forte entre a batida distorcida ao ponto de ser quase um ruído pulsaste e a melodia com os arpeggios por cima.
Influências ou generos são algo que cada vez penso menos confesso. Penso que têm o seu papel quando começas a dar os primeiros passos na música mas a partir de certa altura a ideia parece-me ser criar um caminho próprio.




  
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Podes nos falar mais sobre a desenvolvimento de “Natureza Morta”, como é trabalhar em estúdio sob a produção de Daniel O' Sullivan?
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Foi um processo feito à distância mas ao mesmo tempo foi bastante uma parceria. O Daniel não se limitou a misturar e a ter o papel mais técnico de um engenheiro de som por exemplo. Deu input, tocou algumas partes e ajudou a construir o ambiente geral do album, sem duvida. Havia sempre uma troca de ideias em cada tema.



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De faixas de nome luso, o instrumental assume aqui uma língua universal com o caso de apenas alguns vocalismos e expressões indeléveis, ao contrário do Spoken Word presente nos Remixes de “Rancor” enquanto RA. Também vês este primeiro lançamento em nome próprio aberto a re-intrepertações?
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É uma ideia em aberto. Sendo que apesar de não estar planeado um lançamento em paralelo o ATILLA  chegou a fazer uma remix do Banquete. 

(podes ouvir esta versão AQUI)


 


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Lançado originalmente em limited release em pen em 2017, “Natureza Morta” caminha agora para o formato físico de CD e áudio cassete, como surgiu esta nova edição pela Regulator Records?
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Surge na necessidade de não ficar só pelo lançamento em pen - apesar de ter bastante orgulho do formato que foi literalmente feito em casa com uma impressora 3D.
Mas é um formato que apesar de fazer sentido para mim -  e que gostava de repetir - pode não ser para todos por isso, e na ausência de uma editora que o quisesse fazer, eu e João Vairinhos decidimos ressuscitar a editora e editar em CD e áudio cassete.



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Em quatro cores distintas na versão cassete, o álbum está fortemente personalizado, podes falar-nos um pouco mais do artwork e design investido neste lançamento?
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O artwork foi feito pela fotografa Mariana Castro - https://www.facebook.com/marianacastrophoto/ - em volta da caveira 3D pela artista 3D Marta Macedo - https://www.facebook.com/martamacedo.art/. Mais tarde for adaptada para pen usb o design da caveira de modo a haver uma continuidade do artwork mesmo neste formato menos comum.

A ideia para mim era criar um artwork que fosse negro - a caveira é o elemento que mais espelha isso - mais colorido e orgânico. Um pouco em contraste com os tons mais negros que são mais típicos neste tipo de sonoridades.

 (Fotografia: Iolanda Pereira)
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E o que se segue a seguir? Tendo actuado com os Bell Witch nas últimas Cartaxo Sessions, assistimos a um regresso dos LÖBO aos palcos ou a um time out para a promoção do “Natureza Morta”?
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2018 será para tocar quando fizer sentido mas será principalmente para parar um pouco e compor o album de LÖBO e o meu segundo album a solo!