No passado dia 28 de abril, os Dead Combo apresentaram-se no CCC nas Caldas da Rainha para mais um concerto mítico.






 Desta vez, o dueto veio apresentar o seu novo álbum “Odeon Hotel”, o qual contou com a participação especial de alguns convidados que colaboraram neste novo projeto e que os irão acompanhar durante a sua digressão.



Os Dead Combo entraram em palco acompanhados por Alexandre Frazão, que ocupou o seu lugar na bateria, Gui, que se encarregou dos sopros e António Quintino, que garantiu as notas do contrabaixo. O palco em si encontrava-se apenas decorado com alguns objetos tapados por panos brancos, parecendo recriar um ambiente semelhante ao de uma habitação em mudanças, os quais estamos habituados a ver em filmes que rementem para cenários de habitações abandonadas ou em processo de reabilitação.




Para completar este ambiente, nada mais nada menos que alguns vídeos e artes gráficas projetados na tela do palco, nos quais pudemos visualizar uma placa fictícia do “Odeon Hotel” rodeado por paisagens que foram transitando, elementos psicadélicos, alusões a ornatos e elementos tipicamente portugueses, como o caso da guitarra portuguesa, padrões azulejares, referências à cidade de Lisboa, uma curta referente à música “Cuba 1970”, etc.



Com isto, o concerto começou com a apresentação do álbum “Odeon Hotel”, sendo tocados vários dos novos temas, incluindo “Deus Me Dê Grana”. Seguidamente, algo que alguns não estariam à espera, uma viagem no tempo até aos álbuns passados. 



Pudemos assim contar com a interpretação de temas como “Putos a Roubar Maçãs”, “Esse Olhar Que Era Só Teu”, o já referido “Cuba 1970”, ”Rumbero” e “Lusitânia Playboys”, tema este que contou com uma introdução histórica por parte de Tó Trips, sobre dois sujeitos que foram beber uns copos e acabaram metidos em problemas por causa de umas estrangeiras comprometidas. 




O concerto consistiu numa mistura das novas músicas com os clássicos mais antigos. A performance do dueto foi, como de costume, marcada pelas características das personagens encaradas por Pedro Gonçalves e Tó Trips, envoltas por um cariz boémio.





Em relação à performance dos restantes artistas, destacamos a de Alexandre Frazão, que arrebatou com a expectativa do público, dando um show fantástico no qual, entre lançamentos e aparecimentos misteriosos de baquetas, houve espaço para ritmos e solos entusiásticos que deixaram o público pasmado. Já se estaria à espera que Alexandre Frazão, com a sua reputação e carreira ímpares, excedesse com todas as espectativas, tendo a sua performance sido descrita por alguns espectadores como soberba.



 No entanto, entre todas as suas qualidades e técnica destacamos sobretudo a sua atitude animada, contagiante e rejuvenescedora. Quem viu Alexandre Frazão deverá, de facto, ter ficado com a impressão de que tocar bateria é tão fácil como piscar os olhos e que, nesse aspeto, a idade não causa qualquer problema. 





A representar o contrabaixo, António Quintino tratou de garantir os tons mais graves. Destacado como um grande músico dentro da cena do Jazz em Portugal, Quintino aparenta ter-se adaptado a este projeto com bastante emoção, tendo detido de uma performance fabulosa, composta por ritmos e solos contagiantes e cheios de alma. 





No que toca aos sopros, surge Gui, reconhecido sobretudo pelo seu lendário desempenho na banda Xutos & Pontapés. Com a sua habilidade e destreza no saxofone, agora num ambiente diferente, ainda boémio, mas menos rock´n´roll, Gui ocupou-se de conquistar os presentes com os seus ritmos e solos frenéticos. 




Este espetáculo presenteou-nos também de alguns momentos íntimos, nos quais foi possível assistir apenas à atuação de Pedro Gonçalves e Tó Trips, numa perfeita dose de nostalgia referente aos espetáculos passados.



O concerto acabou com grande pena do público que, pela quantidade de aplausos e gritos de satisfação, teria ficado mais umas quantas horas a ouvir as cordas dos Dead Combo, agora acompanhados pelos seus novos parceiros. Todavia, houve direito a mais três músicas no chamado encore, tendo estes encantado um público sedento de mais um pouco dos novos e velhos temas por mais uns minutos. 



Este espetáculo foi assim um turbilhão de emoções, saudade e também uma meditação sobre diversas temáticas atuais. Ficamos assim à espera do próximo, numa próxima entrada no “Odeon Hotel”.


Texto: Marta San Fotografia: Nuno Conceição | Marta San