No dia a seguir a distilar por Lisboa no Sabotage Club a penúltima data da tour europeia dos  L.A Witch, as Cartaxo Sessions regressaram ao Centro Cultural pela boleia da pouco terrestre junção dos Talea Jackta com os Øresund Space Collective.








Após passagem pelo Woodstock 69 a incursão de space rock fez-se sentir no mitíco foeyur ribatejano num dia  feito para almas procuradoras de grandes viagens,  para longe de Portugal e mais ainda do Uruguai.

Talea Jacta, resultado da intercepção de Pedro Pestana, guitarrista para o colosal trio Portuense 10,000 Russos com os ritmos  polarizados de João Pais Felipe dos HHY & The Macumbas abrem o jogo para uma setlist comtemplativa e próximas das palpitações de I, EP de duas faixas lançada em Fevereiro deste ano.





Uma sintonia de sonoros orquestrados em calmia pelo ondular da guitarra de Pedro Pestana que ao longo do concerto devolve em grande forma loops continuos para a batida tribal de João Felipe.
Uma paisagem de suores nocturnos adocicados pelo seu algo de tóxico, culminantes num momento de entrega poderoso.











 E porém é num fastio apoteótico que a batida dobra sobre si mesma e traz de novo o objecto para o transe, longe de um ruido final. A música esmorece de uma forma indelével e assim oferece uma continuidade colável com o pós num concerto feito todo para a reflexão despreocupada e elíptica.




Øresund Space Collective traz consigo uma nota de rodapé.
Com a circustância de os ver por uma segunda vez ao vivo e terceira possivél quarta se estiver a fazer o supergrupo escandinávo  contar enquanto multiplicação celular do seu mentor Dr.Space, Øresund é um tato amigo dificíl de passar por palavras. Há falta delas e por entre concertos passados em que a memória falha torna-se conveniente mesmo descrever desta forma o efeito que um concerto seu nos deixa.



Uma das ensembles predilectas dentro do space rock contemporâneo, Øresund Space Collective  é por si uma massa descatarerizada em que apenas o conceito intemporal subsiste. Acompanhando o grupo desde lançamentos como "Dead Man in Space" em 2011 até "Chatoyant Breath" gravado o ano passado na Black Tornado com  Gary Arce dos Yawning Man em Copenhaga é de peso o catálogo maior para qual as várias iterações do projecto sobescrevem

Continuando a linha de metamorfose da qual os suecos Sienna Root partilham abordagem,  Øresund Space Collective surgiu durante estes dois dias de passagem por Portugal num line-up revisto onde figura também Pedro Pestana de novo na guitarra.






Num dado exploratório de improviso, o grande tema que lhes pertence é o tempo, se lhes fosse pedida a sonorização de uma vida, viversiam anos como se de uma questão de poucas horas se tratasem, fora uma ou duas segundas feiras.

Rasgos synth aqui e ali numa harmonia bela e aberta ao complemento futurista de uma bateria segura.
Um vai não vai e foi de perpicaz composição imediata por parte dos seis membros em palco que rima com os trajes de advinho lunar que Dr. Space envergava no subsolo feito cratera do Centro Cultural do Cartaxo.  





Música apegada ao corpo repelida apenas pelos caprichos da inconsciência. puro improviso



 As Cartaxo Sessions regressam já no próximo dia 19 de Julho para um concerto de ar livre gratuito  numa parceria de Verão com a In. STR a trazer Ecstatic Vision & Two Pirates and a Dead Ship


 Texto:
Francisco Felício
Fotografia: Francisco Felício & Natacha Queirós