Retirada da maldita calha de "um dia a gente faz" chega um novo projecto musical  para João Brito e João Vairinhos.
Uma ideia que demorou os seus 10 anos a chegar mas ainda bem a tempo de se cimentar num bom caminho dentro da época turbe dos concertos de rentré nacionais  de Verão/Outono.   

Um projecto a estúdio cujos membros traçaram caminhos distintos, sendo no caso de João Brito integrante na guitarra do outfit indie folk que é Sam Alone & the Gravediggers assim como nas sonoridades post dos Killing Electronica e o hardcore directo ao assunto dos Dimensons.

Não menos multilingue é a percussão de João Vairinhos, baterista fundador para os incontornáveis 

Löbo e os recentemente re-activados The Youths.




Enquanto The Citadel o resultado é mesmo este,  bem pensado para bater certo com a capa do EP de  estreia, dois indivíduos cada um virado para seu lado mas desde sempre ligados pela anca e confortáveis com o chão que pisam. Vamos falar da música.



The Citadel lançamento homónimo gravado na Eyeball Studios em Loulé entre dezembro de 2017 e Junho de 2018 consiste em duas faixas apenas, um breve demo por assim dizer que ilustra muito o rumo que os dois músicos querem tomar neste projecto. 

Na primeira faixa somos cumprimentados com uma guitarra leve e suspensa em fade in e uma batida de alarme para a proximidade, entramos aqui nas portas sonoras desta cidade. A música ganha o seu peso e desagua inércia em momentos em que se troca composição principal nas cordas pela linguagem rítmica. E neste misto João Brito faz soar por breves momentos um synth bonito e melancólico que está mesmo a pedir para vermos isto ao vivo.  Em meros quatro minutos The Citadel surpreende e deixa no ar aquilo a que se poderia cunhar de post desert rock, Bourdain não iria discordar. 


Al'Ulyã começa de forma algo confusa, como uma conclusão que chega no prólogo. Recupera o seu fôlego através do seu ritmo, momento em que se passa a isolar a suas estrutura em capítulos progressistas. Uma mistura extremamente bem feita por Carlos Rocha é um dos trunfos que permite a versatilidade clara e perceptível de sonoros da segunda faixa.


É uma breve passagem por entre o trabalho de dois músicos que se conhecem e vão trocando impressões em que finadas as duas faixas nos deixa a pedir mais. Um mais que quer seja em estúdio quer numa possível incursão ao vivo, onde possivelmente se devem somar mais elementos, semelhante ao papel aditivo de  João Vairinhos nas performances ao vivo de Ricardo Remédio, tem aqui um excelente cartão de visita.

Estão abertas as portas para a cidadela, uma bonita localidade de som promissor   

Podes ouvir aqui o EP de estreia